sábado, 5 de abril de 2008

STAINGA @ PRINCIPADO DA PONTINHA

O Principado dos Staingalove

O histórico Principado da Pontinha foi o local escolhido pela direcção dos Staingalove para a realização do jantar mensal de Abril. Uma cerimónia que contou com a presença do monarca local, D. Renato Barros I, figura ímpar da realeza europeia, que desde 5 de Outubro de 2007, reclama o rochedo como seu país e ele seu Príncipe.

Munidos de passaportes, os dez elementos do grupo que fizeram questão de marcar presença na cerimónia, percorreu o caminho pedestre até ao Forte de São José, cidade de culto, onde anos antes, mais precisamente em 1419, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, procuraram abrigo antes de desembarcarem na ilha ali ao lado, de seu nome Madeira, na altura coberta de enorme vegetação, mormente gigantescas árvores de Funcho, explicando-se por aqui o nome da capital da Pérola do Atlântico.

Chegados ao local, fomos recebidos pela corte real do Principado, uma família distinta, superiormente representada por Sua Alteza Real D. Renato Barros I. O Príncipe, depois de uma resenha histórica sobre o seu reino, fez questão de nos mostrar os 'cantos à casa', apresentando-nos, entretanto, figuras ilustres do ilhéu, entre os quais o ancião Joaquim, que deambula pelos rochedos, e Açoreano, profundo apreciador do néctar colhido da cevada.
Concluídas as apresentações, já fascinados por tudo aquilo que representa o Forte de São José, ilhéu de enorme simbolismo, subimos até ao Olimpo, a mais alta montanha do Principado, onde o Deus Baco deu-nos as boas-vindas.

A noite começou, então, a ganhar forma. A mesa redonda de jantar, o lounge e a zona reservada ao bar interligavam-se na perfeição. Extasiados por aquilo que observámos, depressa transformámos as emoções em brindes, que foram uma constante, aqui e acolá interrompidos pelos voos nocturnos de Paulo Lopes que, de mochila às costas e capacete na cabeça, desafiou por diversas vezes a lei da gravidade. A essas funções, acrescentou uma outra de vital importância, ao assumir a vigilância das 200 milhas náuticas de governação do Principado. Sempre que pressentia o perigo aproximar-se, Paulo Lopes levantou-se e de lanterna em riste assumiu o comando da proa, desviando navios da rota e/ou impedindo-os de atracar em porto seguro.

À medida que as horas se consumiam, a influência do Deus Baco intensificou-se. A altitude, vários metros acima do nível do mar, também não ajudava a controlar os passos e a língua. Nesta fase já o Príncipe D. Renato Barros I nos brindava (novamente) com a sua presença, partilhando 'estórias' e discursos efusivos da convertida plebe dos staingalove. Naquele momento e tendo em conta as leis que regem o ilhéu, todos manifestaram vontade em trocar de nacionalidade.

Neste trecho das nossas vidas, sentimos, com orgulho, que éramos filhos do Principado da Pontinha, o qual merece o nosso apoio na luta pela independência, por razões históricas e pela forma como é defendido. O Forte de São José justifica ser muito mais do que uma simples fortificação do arquipélago da Madeira. Nós estamos ao lado do Príncipe D. Renato Barros I...

Depressa aprendeu-se o hino, que se intitula 'Vamos brindar ao Principado que não é de Portugal' cantando inúmeras vezes, para gáudio do monarca, que fez questão de oferecer títulos reais a alguns elementos do grupo.

A noite já ia longa, os momentos de lucidez também, a memória, enfraquecida pela chuva e vento, já não dava trégua, e havia que regressar de novo à realidade. Para trás ficava mais uma noite ímpar nos quase dez anos de existência dos Staingalove. Tal como João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira observamos e consumimos, cerca de 590 anos depois, a baía do Funchal. O que terão pensado os descobridores em 1419 não sabemos mas, certamente, que partilhámos as mesmas emoções.

Para culminar este pecúlio, uma última nota histórica: Os Staingalove foram a primeira associação do mundo a jantar no topo do Forte de São José e seria de todo injusto não valorizar o papel dos Staingas Duarte Afonso e Alexandre Vieira neste processo. Foram os percursores da diferença. Os restantes elemento estiveram a altura do momento.

Já me esquecia: para finalizar a noite, muitos resolveram seguir um caminho Marginal. Maior parte não se lembra de nada. Pudera!

Reportagem: Stainga Filipe Sousa

Fotos: Staingas Guilhas/Farto